A cada papel ou garrafa de plástico que recolhe das ruas dos bairros Cohab e Santa Rita, em Guaíba, o catador e estudante de Educação Física Mauro Ribeiro Cardoso, 25 anos, repete a frase: "Não há dificuldade que me derrube". E ele tem razão.Hiperativo, órfão de mãe e filho de pai carroceiro, Mauro sempre foi desacreditado por quem se aproximasse dele. Era só dizer que sonhava em cursar a faculdade para ouvir gargalhadas e palavras de desaprovação.- Ninguém acreditava que eu pudesse chegar a algum lugar. Precisava provar que tinha capacidade - conta.Depois de abandonar os estudos na quinta série, em Viamão, Mauro chegou a passar um tempo ao lado de alguns amigos "barra pesada", como diz. Porém, ao voltar a morar com o pai, em Guaíba, percebeu que poderia usar a hiperatividade a seu favor.Começou a trabalhar como catador, voltou a estudar e concluiu o supletivo do ensino médio. Em 2002, fez as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, dois anos depois, foi selecionado pelo Programa Universidade Para Todos (ProUni) para cursar Educação Física na Ulbra, em Canoas.Nem com o sonho de Mauro se concretizando, as dificuldades o abandonaram. No dia da matrícula na universidade, foi atropelado e ficou 20 dias internado. No ano passado, sem dinheiro para o transporte, chegou a dormir numa das salas da Ulbra. Na terceira tentativa, foi pego pelos seguranças. Há dois meses, mais uma barreira quase fez Mauro desistir da faculdade. Ele teve furtados os poucos móveis que tinha, as roupas que ganhou de colegas, os livros do curso e até as paredes de madeira da única peça onde morava.
Um exemplo de superação e perseverança para todos nós!!
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